Uma coisa que deixou o meu filho super orgulhoso


Pedimos ao Tiago para ir sozinho às compras. Foi à mercearia lá da terra que está marcada a vermelho na foto. A nossa casa fica a 400 metros talvez. A casa da minha avó fica bem mais longe de lá e lembro-me que ia com os meus primos, com a mesma idade, às compras. 

Ficou entusiasmado. Quis logo ir. Confesso que eu é que fiz a proposta e mal ela saiu da minha boca, já estava arrependida! O pai foi à varanda e mostrou-lhe. "É ali".

Ele foi, mas com medo. Houve algumas tentativas.
Na primeira, ao fim de 3 minutos, voltou para trás a perguntar onde era mesmo! 
Na segunda, voltou para trás porque queria saber quantas casas havia até lá
Na terceira, voltou a dizer que tinha contado 5 casas e nada, não tinha chegado lá.

Aquela coisa de não ser capaz de ir à D. Fernanda aviar-se, na terra, estava a fazer-me confusão. Que raio de geração estamos a criar. Meninos que não vão às compras sozinhos, que têm medo de ir, que se sentem inseguros com uma coisa tão básica e que era já ali. 
Lá lhe dissemos "ó pá, vai que é ali, tu conheces, tu já lá foste!"

E foi. Voltou com um litro de leite e pêssegos. Feliz e orgulhoso. Tanto mas tanto. "Estou orgulhoso de mim". Nunca tinha dito tal coisa. 

Nos dias seguintes, perguntava sempre se tinha de ir às compras. Foi mais umas vezes e numa delas levou o mano (era muita coisa a comprar). 

Veio tudo o que pedimos? Nem sempre! Pedi-lhe latas de atum e o rapaz que não quis ajuda de ninguém, trouxe paté de atum que se comeu também, claro! 

Mãe orgulhosa como sou, fui contando às pessoas o feito do meu rapaz. Apenas o sogro achou  bem. "Temos de lhes dar responsabilidades e eles têm de crescer". Todas as outras pessoas [da terra] nos disseram que era perigoso, que nunca deixariam filhos/netos/sobrinhos fazerem isso. E eu penso: "É a D.Fernanda, já ali. Não é o continente no Colombo"!

Comentários

Raquel Ribeiro disse…
Ainda não tive coragem de fazer o mesmo!
E é claro que aos 7 anos EU ia à mercenária da rua sozinha....
Mas agora é tudo diferente, há mais carros, mais movimento, é tudo mais urbano e há o medo!
Isa disse…
É impressionante ver como as coisas evoluíram desde os nossos tempos de criança.
Andava descalça na rua, onde brincava com o meu irmão e um bando de amigos, íamos a casa da minha avó sozinhos (mais ou menos à mesma distância da mercearia da D. Fernanda), dávamos passeios de bicicleta e aparecíamos em casa só à hora do lanche, fazíamos recados... e toda a gente assumia que estávamos bem e nem se preocupavam!
Hoje em dia isto é impensável!! O medo e o receio de que algum mal possa acontecer é notório, as crianças vivem em superprotecção, mas confesso que compreendo. Os perigos são tantos e as coisas que se ouvem nas notícias só nos remetem para as desgraças que nem facilito.
Que deves ficar orgulhosa deves! Que eles precisam de crescer e ter responsabilidades também! Que tens noção dos perigos, também deves ter e conhecendo a zona, muito mais! Por isso, esquece os outros e os meus parabéns ao Tiago!!
Beijocas
Cartuxa disse…
É verdade, este medo constante leva-nos a quase atabafá-los... Tem de ir aos poucos para que nós, mais até do que eles, nos habituemos. Parabéns!
Mary QA disse…
Este foi um dos temas das férias que passei com a Cartuxa - o estarmos a criar uns meninos da mamã que não se desenrascam. A estatística está do nosso lado, os estudos provam que não há mais raptos que antes, nós é que temos mais conhecimento sobre eles.
Vamos ver a minha opinião daqui a uns anitos.
Mara_Q disse…
Também já ganhámos coragem para isso :) Neste caso, para ir ao pão, que fica a 500 m da nossa casa. E ele foi e voltou e já repetiu. Há que saber dar-lhes asas... :)
Beijinhos